Com a chegada do período chuvoso, a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), através da Coordenação de Eventos Críticos, realizou, no dia 19 de novembro, a 1ª Reunião de avaliação das condições hidrometeorológicas da Bacia do Rio Doce. O objetivo foi compreender os cenários previstos até o fim do ano e identificar medidas preventivas para reduzir riscos e garantir segurança aos municípios monitorados.
A avaliação, conduzida por especialistas e instituições, busca traçar a previsão climática para os próximos 60 dias por meio das estações de monitoramento. A reunião foi organizada a partir de demanda encaminhada pela Câmara Técnica de Gestão de Eventos Críticos do CBH Doce (CTGEC).
Na abertura da reunião, Fábio Rocha, meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia do Brasil (INMET), apresentou um balanço do período chuvoso na bacia durante o último trimestre e as previsões para as próximas semanas. Segundo ele, “nos meses de agosto, setembro e outubro, os volumes de chuva se mantiveram em torno de 50 mm. No consolidado do trimestre, observam-se valores inferiores na maior parte da bacia, como já era esperado.
Quanto ao horizonte semanal, a previsão indica predomínio de chuvas abaixo da média entre 26 de novembro e 2 de dezembro no leste de Minas Gerais, e chuvas mais concentradas em algumas regiões do Espírito Santo. Para os meses de dezembro e janeiro, a expectativa é de volumes acima de 500 mm e tendência de elevação da temperatura”, explicou.
Segundo Marcelo Seluchi, coordenador-geral de Operações e Modelagem do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), o período chuvoso na Bacia do Rio Doce não apresenta regularidade há 20 anos. “Estamos chegando ao fim do mês com menos de um terço da média histórica de chuvas. Isso mostra que a estação chuvosa tem se tornado cada vez mais incerta em comparação aos anos anteriores”, afirmou.
Segundo Seluchi, “o acumulado de chuva previsto para as próximas semanas deve se concentrar principalmente na porção norte da bacia. Na região leste, por outro lado, a tendência é de precipitações abaixo da média histórica. Para os próximos 14 dias, as projeções quantitativas indicam volumes superiores a 120 mm. Do ponto de vista vegetativo, a bacia apresenta atualmente condições de seca que variam de fraca a moderada”.
Elizabeth Davis, pesquisadora em geociências do Serviço Geológico do Brasil (SGB), fez um balanço nas últimas semanas, desde o início da operação do Sistema de Alerta Hidrológico. “Desde que o Sistema de Alerta Hidrológico entrou em operação observamos que os níveis dos rios nas cidades monitoradas no Médio Rio Doce continuam abaixo da média. O período prolongado de seca fez com que nenhuma das estações registrasse elevações significativas. As previsões apresentadas pelo Cemaden e pelo INMET indicam chuvas acima da média histórica entre os dias 20 e 25 de dezembro, porém, até o momento, não há indicativo de risco de inundações”, afirma.
De acordo com Elizabeth, até março de 2026, o SGB/CPRM disponibilizará boletins de monitoramento contendo informações sobre os níveis dos rios nas estações fluviométricas monitoradas. Além desses níveis, os boletins contêm as cotas de referência (cota de alerta e cota de inundação) para os municípios onde há previsões hidrológicas.
O boletim de monitoramento pode ser acessado por meio do seguinte link:https://www.sgb.gov.br/sace/index_bacias_monitoradas.php?getbacia=bdoce_boletim#
MUNICÍPIOS MONITORADOS PELO SISTEMA DE ALERTA
O Sistema de Alerta Hidrológico da Bacia do Rio Doce está em operação desde 1997, beneficiando municípios localizados nas proximidades das calhas dos rios Piranga, Piracicaba, Santo Antônio e Doce.
O sistema abrange 16 municípios: Açucena, Aimorés, Antônio Dias, Baixo Guandu, Colatina, Conselheiro Pena, Coronel Fabriciano, Galileia, Governador Valadares, Ipatinga, Linhares, Nova Era, Ponte Nova, Resplendor, Timóteo e Tumiritinga.
Por fim, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) apresentou um balanço sobre as condições hidrológicas e a operação das oito usinas hidrelétricas da Bacia do Rio Doce — Candonga, Guilman-Amorim, Sá Carvalho, Porto Estrela, Salto Grande, Baguari, Aimorés e Mascarenhas. Segundo Maria de Jesus, engenheira de Estudos Hidrológicos e Hidráulicos do ONS, as projeções indicam uma elevação dos níveis nas usinas até o final de dezembro.
A próxima reunião do grupo foi marcada para 7 de janeiro, podendo, no entanto, ser antecipada pela Coordenação de Eventos Críticos, dependendo da evolução da situação hidrometeorológica na bacia.
Confira a reunião completa na íntegra:
Rua Prudente de Morais, 1023 | Centro | Governador Valadares | Email: cbhbaciadoriodoce@gmail.com